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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A importância da leitura no desenvolvimento da oralidade

Por Lisiane Dos Santos Barbosa

O presente trabalho tem por objetivo mostrar que a leitura tem um papel fundamental no desenvolvimento da oralidade, bem como deve ser incentivada desde a mais tenra idade.
O trabalho foi desenvolvido com 12 crianças da educação infantil com idade entre 2 anos e 1 mês a 3 anos e 11 meses de uma escola de educação infantil do município de Cachoeirinha – RS.
Num primeiro momento foi feita uma rodinha, onde a professora colocou para os alunos qual atividade seria realizada, a mesma contou-lhes a história dos “Três porquinhos” de forma improvisada utilizando como recurso o avental de histórias, na qual em alguns momentos utilizou-se da participação dos alunos para representar a história. Após a contação da história a professora gravou seus alunos recontando a mesma de forma espontânea.
Como eram crianças com idade menor, e em se tratando de educação infantil com apenas uma professora em sala, ficou um pouco comprometido o desenvolvimento do mesmo, mas foram interessantes os resultados. Dos 12 alunos, 9 recontaram a história de forma espontânea, a seguir a transcrição de algumas das versões feitas pelas crianças.
Aluno 1: “... daí o lobo bateu na porta e o porquinho disse que não ia abri...”.
Aluno 2: “o lobo foi lá na casa do porco de camiseta azul, daí ele assopro (fruuuu), não daí ele bateu na porta (tututu), aí ele assopro, e não vo abri, então eu vo assopra até derruba, não conseguiu”.
Aluno 3: “o oibo, escondeu na foiesta e se coloco a ropa de veinha e foi ia na casa dos teis porquinho e disse não dexo tu entra porque eu sei que tu é o iobo”.
Das transcrições feitas foi possível perceber algumas diferentes na linguagem desses três alunos, o aluno 1 contou um fragmento da história que provavelmente foi o que mais lhe chamou a atenção, porém com pouquíssimos detalhes. Já o aluno 2, contou outro fragmentos da história, com muitos mais detalhes, inclusive colocando os sons do assopro e da batida na porta, enquanto que o aluno 3 apresentou uma linguagem oral bem comprometida pela troca de letras (L pelo I).
O que foi possível perceber no desenvolvimento dessa atividade, é que os alunos gostaram muito de ouvir a história, principalmente porque puderam interagir com a mesma e o recurso utilizado também chamou muito a atenção dos mesmos. Na educação infantil os recursos são indispensáveis para o desenvolvimento de qualquer trabalho, principalmente os relacionados à leitura.
Se a criança for incentivada a ler da sua forma, mesmo que seja através de figuras, o gosto pela leitura se desenvolve e o desenvolvimento da oralidade, através de questionamentos e outras atividades ou até mesmo brincadeiras se concretiza, sendo que o mesmo é um trabalho que não para na educação infantil, ele deve seguir até a vida adulta.
Nesse contexto, é relevante colocar que o narrador de uma história também influencia o público, uma vez que a entonação de voz, a representação da interpretação do texto falam por si só. Por isso, segundo Zilberman (2006, p. 119) “[...]O narrar, por sua vez, supõe a presença de ouvintes, e estes não são indivíduos isolados, mas o grupo: a narração só tem sentido se dirigida ao coletivo. Pela mesma razão, depende da oralidade [...]”.
Assim, com tudo que foi observado no desenvolvimento da atividade, ficou aparente a necessidade da expressão oral, ou seja, do uso da fala como forma de comunicação mais eficiente, principalmente entre adultos e crianças, e o que envolve um bom desenvolvimento da linguagem oral é o uso da mesma e de forma correta, principalmente a pronuncia das palavras corretamente como o uso correto da entonação da voz para diferenciar situações como a expressão de sentimentos através da fala etc.
A criança, principalmente na faixa etária do presente estudo deve ser incentivada a ouvir mais e assim desenvolver a sua oralidade, no caso de usá-la para incentivar a leitura também é válido.
A oralidade é o modo mais notório da relação entre o nome e a coisa, mas a escrita, originalmente, não tem como objetivo romper essa unidade. A oralidade é igualmente expressão mais credenciada da memória, conforme o estudo sobre o narrador, aproximando não apenas as palavras e os seres, mas também as pessoas, falantes e ouvintes. (ZILBERMAN, 2006, p. 121-122).

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